sábado, 26 de julho de 2008

ARTE QUE INCOMODA

Em outubro do ano passado o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, sentiu-se tão incomodado com uma charge minha que publicou no site "Olhar Virtual" uma moção de repúdio em que esculhambava veementemente o artista que vos fala, a arte e a entidade que produziu o tal cartaz. Claro que se tratava de um incômodo meramente político, uma vez que Aloísio particularmente é “fã” do meu trabalho a ponto de possuir em seu gabinete uma charge minha emoldurada. Nada pessoal, mas respondi à altura. Pois é, nesta semana aconteceu algo semelhante, porém um fato de proporções épicas. Não comigo, mas com outro artista, Carlos Latuff. Pra quem não sabe, Latuff é um cartunista consagrado, velho de guerra e com uma longa trajetória no âmbito daquilo que eu prefiro chamar de esquerda verdadeira. É um ser raríssimo em tempos de pós-modernidade, justamente por suas convicções que o tornam um diferencial dentre tantos colegas de profissão, até muito mais renomados do que ele próprio.

Era uma vez um ato público em defesa da vida, uma charge do Latuff (abaixo) e um governo muito preocupado com uma imagem que vale mais que mil palavras...



"A direita do Rio de Janeiro não suportou o desenho de Latuff. Os oito outdoors começaram a ser censurados ontem: removidos ou simplesmente cobertos, como era comum durante a ditadura de 1964.
Claro que esse sentimento é reproduzido pelas corporações de mídia, a quem interessa manter o sistema do jeito que está. Por isso o Globo classificou o desenho de Latuff como uma obra "polêmica". Toda crítica ao sistema capitalista será de alguma forma desqualificada por seus aparelhos ideológicos. (...)


"Enquanto os detentores da produção e veiculação das mensagens imagéticas forem os representantes da direita, não haverá problema. Podem, tranqüilamente, veicular mensagens preconceituosas e até fascistas como vemos em novelas e filmes policialescos cujas mensagens legitimam a tortura e o extermínio das classes marginalizadas pelo sistema capitalista. No entanto, se a imagem for concebida por um artista de esquerda, forjado nas lutas contra a violência e a opressão do sistema capitalista, moverão mundos e fundos para censurá-la (...)
Se o governo impede, ou trabalha para impedir, uma determinada manifestação artística, está cometendo grave atentado à liberdade de expressão. "



"Não podemos assistir calados a tamanho autoritarismo! Não podemos ser coniventes com uma política de segurança que faz a polícia do Rio ser a que mais morre e a que mais mata no mundo. Vale a pena dividir a indignação com os amigos e familiares. Telefone para o governador Sérgio Cabral (2553-1030) ou escreva para governador@governador.rj.gov.br e diga: “Sou cidadão do Rio de Janeiro e reprovo a censura contra o desenho de Carlos Latuff. Governador Sérgio Cabral, respeite a liberdade de expressão!”. "

IMAGEM NÃO MATA! A POLÍCIA, SIM!!!


Leia na íntegra em:
http://www.fazendomedia.com/diaadia/protoblog.htm


Um comentário:

Anônimo disse...

Eduardo Paes, ex-PSDB, ex-secretário na prefeitura do DEM, candidato do PMDB este ano à prefeito do Rio de Janeiro, durante RJTV de 2006: "Jacarepaguá, no Rio de Janeiro [Z. Oeste], é um bairro que a tal da polícia mineira, formada por policiais, por bombeiros, trouxe tranquilidade para a população. O morro do S. José Operário era um dos morros mais violentos desse estado, e agora é um dos lugares mais tranquilos".

http://www.youtube.com/watch?v=DXY7DRa2PXA